Fiéis ou Clientes?
A pergunta agora não é por princípios éticos corretos,
por coerência teológica, por exegese equilibrada, mas a pergunta é: funciona?
Resolve meu problema agora? Há poder para meu uso neste instante? Vivemos em um
período de “ética utilitarista”. Tudo o
que é sagrado está disponível a todos. Está disponível no “mercado” e a lógica
é pagar o preço. A ética hoje é conquistar o mundo, sermos ricos, campeões de
saúde, assumir todos os cargos possíveis no governo, afinal “notamos” que
estamos no mundo ainda. O trabalho antes era para difundir uma postura ética e
uma conduta religiosa no mundo de tal forma a influenciar pessoas, agora a moda
é a instrumentalização do divino. E a correria é tão intensa que nitidamente
ganha mais público quem está mais apto a isso. Quanto tempo isso ainda aguenta?
Isso é uma grande dúvida. Culturalmente a influência é marcante. Uma geração de
protestantes ricos, influentes como nunca, poderosos como nunca antes visto e
que tem tudo o que querem de acordo com as “suas” escolhas (as escolhas de Deus
ficaram a alguns quilômetros atrás). O que isso tem provocado? Uma geração
pretensiosa de crentes que manipulam as forças espirituais quando e como
querem. Essa manipulação, é claro, de acordo com nosso bel prazer. Ei, somos
filhos do Rei! Somos filhos do dono do mundo e por isso não nascemos para ser
cauda, mas cabeça. Nosso pai é dono do ouro e da prata e dessa forma é
inadmissível passar necessidade. E a doença? Doença? Que é isso? Esqueci de
comunicar: Ele já levou sobre si minhas enfermidades! Evangelho desgraçado. Parece
que Deus é nosso serviçal. Como diria um ícone jornalístico bem conhecido: Isso
é uma vergonha! Não existe outro termo. O que vemos é que o divino em nosso
tempo (independente de quem for) é simplesmente um instrumento para satisfazer
nossos desejos já estabelecidos. Infelizmente estamos sendo tratados (e até queremos
isso) como clientes e não mais como fiéis. Cabe a você aceitar ou negar o
tratamento.
Boaz Alberto Sperber
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