Muita condenação e pouca graça


 


Me assusta a forma como muitas igrejas tem se portado levando a mensagem de salvação a outros povos. Encontro em muitas dessas mensagens muita condenação e nenhum espaço pra graça de Deus. O livro de Jonas tem uma mensagem antiga, mas que é atualíssima. O sermão medíocre pregado por Jonas tinha apenas cinco palavras e elas apresentam como o profeta tinha desejo de ver a grande cidade de Nínive destruída. Afinal, a cidade em geral era pecadora ao extremo. A mensagem do profeta era que em quarenta dias a cidade seria destruída. As palavras de Jonas saem de sua boca como fogo; fogo que não ardia em compaixão dentro de seu coração. Ele queria a destruição do povo e não a salvação deles. Interessante que o profeta foi alvo da misericórdia e salvação de Deus. Recordando: ele foi salvo de dentro de um grande peixe que o salvou de uma tempestade em alto mar e depois recebeu uma segunda chance de Deus. Parece que Jonas não se lembra disso. Jonas tem sentimentos mesquinhos e hedonistas. Recebeu o favor de Deus e agora não quer ser o instrumento dessa graça maravilhosa na vida de outras pessoas. No seu sermão de juízo e condenação a janela da esperança está simplesmente fechada. É o que se faz hoje por muitos pregadores: colocam tanto medo e desespero na vida das pessoas que eles não conseguem ver uma solução pra o problema do pecado. Este tipo de evangelho condenatório que está sendo pregado é um “meio sermão evangélico”. O sermão completo apresenta a condenação, mas sempre traz um escape pela janela da graça. Assim como muitos hoje, Jonas trovejou a lei, mas não ofereceu uma gota sequer da chuva restauradora da graça de Deus. Em tudo isso glorifico a Deus porque não temos domínio sobre a mensagem de Deus. Jonas pregou condenação e o povo entendeu arrependimento. Aleluia! Jonas prega pra morte e o povo enxerga por si, um caminho para a vida. Quantas pessoas que foram jogadas (literalmente) pra fora de nossas comunidades porque cometiam alguns atos que, segundo os legalistas, era pecado: cortar cabelo, usar maquiagem, usar jóias, jogar futebol, entre outros. Essas pessoas eram simplesmente jogadas pra fora da comunidade como se fossem os piores pecadores. Meu pai conta um fato acontecido em sua juventude que ainda hoje me assusta. Diz ele, que certo pastor disciplinou um determinado irmão da igreja e o proibiu de frequentar os cultos (quando ele deveria de frequentar os cultos mais do que nunca). Um determinado dia, o porteiro chama o pastor e pede pra que ele o acompanhe até a lateral da igreja e olhe debaixo do assoalho e veja com os próprios olhos uma sena comovente: o irmão disciplinado estava debaixo da igreja com joelhos dobrados e boca no pó chorando por misericórdia. O pastor chama o irmão, o abraça chorando e os dois entram na igreja. Ainda hoje atitudes semelhantes estão sendo tomadas; cristãos que são disciplinados e que não recebem um “tratamento” para o problema. Muitos não têm mais força pra dobrar os joelhos e chorar por misericórdia. Eles simplesmente desistem da vida de fé por cauda da igreja. É tempo de mudar isso. A chuva da graça está caindo e temos que fechar o guarda-chuva do legalismo e do sermão condenatório. Que o povo se encharque nessa chuva que cai do céu.
 

Boaz A. Sperber

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